quarta-feira, agosto 17, 2011

Janelas do Mundo


O artigo Janela Baça: a Bienal de São Paulo e seu formato recente, escrito pelo professor Roberto Luís Torres Conduru em 1998, aponta as transformações ocorridas na Bienal desde sua criação nos anos 50, focando, principalmente, na 22ª e 23ª edições, dos anos de 1994 e 1996, respectivamente.
O artigo traça um breve panorama das Bienais, começando pela sua criação, nos anos 50, como uma mostra internacional de arte contemporânea; suas edições mais significativas; os artistas internacionais e nacionais que fizeram parte das mostras, integrando o local ao universal, a Bienal como a “grande janela da arte no Brasil”. Passando pelos anos 60, a crise política e social, tanto local, como mundial, reflete também nas artes e, consequentemente, afeta as Bienais do período de forma drástica, com vários países recusando-se a participar da Bienal de 1969. Da crise surgem as inovações, a Bienal a partir dos anos 80, já com a figura do curador, inspirada na Documenta da Kassel, abandona, temporariamente, o caráter competitivo, e passa a se organizar pela “analogia de linguagens” e pautada por temas. No início dos anos 90, com inscrições universais, a 21ªBienal, considerada a mais polêmica de todas e que protagonizou uma de suas piores crises.
A partir desse momento, o artigo se debruça mais detidamente nas transformações ocorridas a partir da 22ª e 23ª Bienal: o novo formato tripartite, uma mostra organizada por curadores tendo como base regiões ao invés de países. É a partir da análise mais detalhada dessas duas Bienais que o autor faz seus comentários mais contundentes. Ao mesmo tempo em que ele aponta as transformações necessárias ao novo formato da Bienal, enquanto instituição, administrada por uma Fundação, e enquanto exposição, tecendo uma crítica feroz ao pouco efeito que essas mudanças trouxeram a efetiva consolidação da Bienal como espaço de discussão sobre a criação artística e a linguagem da arte contemporânea. A crítica do autor parte da grandiosidade da bienal como forma de espetáculo de massa, passando pela diversidade de públicos que pretende atender, pelas questões políticas na “escolha” dos artistas que participam das mostras, pela configuração em espaços geográficos sem a devida reflexão sobre a “arte como instância da representação geopolítica”, pelos números astronômicos (público, artistas, obras, curadores, patrocinadores, cifras, público), pelos temas que mais confundem do que auxiliam, do “palavrório” desmedido. 
Ao apontar de forma tão eloquente os problemas enfrentados pelas Bienais de São Paulo o artigo levanta a questão do seu gigantismo, incentivado pelo Estado, como um dos principais obstáculos a sua fruição. Ao defender “Qualidade, portanto, ao invés de quantidade” leva em conta que se por um lado as Bienais democratizaram o acesso do público leigo à arte contemporânea, “ampliando o horizonte cultural das pessoas”, tirando a arte dos museus, por outro fez com que esse mesmo público muitas vezes se perca em sua imensidão e não consiga estabelecer as relações entre as obras, se houver. Além disso, essa proporção homérica deu à Bienal uma visibilidade no panorama artístico mundial.
Com os questionamentos apontados pelo autor no final do artigo, apontam alguns caminhos possíveis, que poderiam ou não ser aproveitados nas Bienais subsequentes. Como exemplo pode ser a questão educativa, de formação de público, que é hoje uma das grandes preocupações da Fundação Bienal. O artigo serve como porta de entrada para a reflexão não apenas sobre a Bienal, mas sobre arte contemporânea, relações de poder, política e democratização do conhecimento. 
Críticas ou elogios, espetáculo ou não, sem as Bienais de São Paulo a arte ainda não teria chegado ao grande público, e, ainda, deixando de lado a produção de artistas contemporâneos, menos visíveis no cenário das artes plásticas. Invejo colegas e demais que moram em grandes centros pelo acesso privilegiado que tem às exposições e eventos de arte, teatros, cinema. Em cidades pequenas e distantes das regiões metropolitanas, uma Bienal fica um tanto abstrata, embora haja meios de visita-las virtualmente, não tem o mesmo efeito que ver um esplendor de todo um cenário e obras pessoalmente. Vejo as Bienais como divulgação e instrumento de revolução constante na arte. E a menção que se faz a elas como janela, penso que seja a mais acertada. Embaçada ou não, é uma janela de acesso a esse mundo constantemente mutável e apaixonante.

Sites de pesquisas/ referências bibliográficas:

A janela baça: A Bienal de São Paulo e seu formato recente. Revista Novos Estudos. Edição 52, ano 1998. Disponível em

Bienal de São Paulo. Disponível em

Roberto Luis Torres Conduru. Disponível em

sexta-feira, agosto 12, 2011

Desenhos de Justin Beever


Esse cara continua a surpreender as pessoas com desenhos de giz em 3D sobre calçadas e leito de ruas.  Difícil de acreditar que estes são desenhados em uma superfície lisa de calçada FLAT.






























Não canso de ver...
 

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